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A arte muda as pessoas.

sábado, 20 de agosto de 2011

Além dos Sorrisos...

Bom Sábado!

Talvez muitos não tenham nascido na época de seus grandes feitos, ou nem tenham encontrado algum de seus trabalhos disponiveis por aí, ou talvez nunca tenham ouvido falar na vida! Mas achei essencial para um blog como este que houvesse no mínimo uma citação, ainda que singela, daquele que foi um dos maiores gênios do humor cinematográfico do Brasil e por que não dizer do mundo!

Me refiro a Amácio Mazzaropi, comediante, ator, cantor, escritor, produtor e diretor de cinema, ufa. Assisti ontem à noite mais um dos muitos filmes seus que já havia visto, e isso me inspirou muito para disseminar um pouquinho de sua história para que as pessoas conheçam e valorizem o talento brasileiro que ele foi por tantos anos. Suas obras eram comédias cheias de carisma e com um toque de sutileza (pra não dizer delicadeza), até quando maliciava ou questionava algo seu sarcasmo caía como que de forma inocente, como que se ele tivesse dito "sem querer". Possuía aquele sorriso safado, típico de matuto do interior, que o acompanhou ao longo de toda a sua vida.








Mesmo os que criticavam seus filmes, chamando-os de medíocres se renderam e disseram que Mazzaropi era inteligentíssimo e em vários aspectos inquestionável. Ele alcançou no cinema o mais alto nível de sua arte, é hoje sem nenhum favor, um artista de categoria mundial.

Filho de descendentes de italianos e portugueses, o mundo recebeu em 9 de abril de 1912 de braços abertos esta figuraça, nasceu na casa da família em Santa Cecíclia, SP. Pelo fato dos pais trabalharem muito o pequeno Amácio teve que morrar uma temporada com seus avós maternos, seu avô português adorava tocar viola, dançar, e animar festas, quando o menino tinha 6 anos, vibrou ao ver o avô se apresentar com sua violinha na Estação Central do Brasil. infelizmente seu avô morreu quando amácio tinha apenas 10 anos. Sempre foi um bom aluno e como gostava muito de poesia, tornou-se o centro das atenções na escola.

Frequentava todos os circos da cidade e não escondia o desjo de fazer parte de um deles, os pais eram contra e o mandaram para Curitiba para morar com o tio Domingos, quando voltou com 14 anos o sonho de ser artista circense permanecia vivo, conheceu um faquir do Circo La Paz e foi viajar com a companhia. Volto a morar em Taubaté com os pais e fez teatro desta vez como ator e diretor no salão do Externato Sagrado Coração de Maria. Em 1932 estreou na Troupe Carrara, no Cine Theatro Polyetheama com a comédia "Herança do Padre João". 1934 pareceu ser o ano de Mazzaropi em 30 de março ingressou na Troupe Olga Crutt uma das mais famosas e aplaudidas do país, o prestígio de Amácio foi tanto que em pouco tempo o nome desta companhia virou "Troupe Mazzaropi".

Viajou e trabalhou muito. Em 18 de setembro de 1950 foi inaugurada a primeira emissora de televisão brasileira, a TV Difusora de São Paulo, convidado para o show de estreia, Mazzaropi tornou-se o primeiro humorista na TV. Apresentou um programa com a atriz Geni Prado chamado "Racho Alegre",e ía ao ar toda a quarta-feira patrocinado pela Philco. Em 51 ele foi enviado para a inauguração da Tv Tupi e foi apresentado como "o maior caipira do rádio brasileiro".

Ainda em 51 uns diretores estavam no Nick Bar em São Paulo e viram Mazzaropi na TV, resolveram chamá-lo para fazer um teste na Companhia Cinematográfica Vera Cruz, entre muitos candidatos, Mazzaropi foi escolhido e contratado para filmar "Sai da Frente", a esta altura já estava com 39 anos. A estreia no cinema projetou sua carreira artística, famoso, sua vida passou a ser contada em capítulos no jornal "A Hora". A Companhia Vera Cruz acelerou a produção de um novo filme: "Nadando em Dinheiro", em 27 de Outubro estreou em 36 cinemas de São Paulo e o ator tornou-se uma máquina de ganhar dinheiro.

Após a crise que fez falir a companhia, e a gravação de outros filmes da Fama Filmes e Produções, Mazzaropi achou que era hora de investir alto e criar sua própria produtora, a Produções Amácio Mazzaropi (P.A.M. Filmes). Com recursos próprios, iniciou as filmagens de "Chofer de Praça", para produzir o filme ele vendeu a casa, carro e tudo o que podia para alugar os estúdios e equipamentos da Companhia Vera Cruz.

Além de produzir, passou a cuidar do lançamento e distribuição de seus filmes por todo Brasil, controlando na bilheteria, o resultado final. Estava com 46 anos. Em 61 ele adquiriu os 184 alqueires da Fazenda da Santa em Taubaté e iniciou a construção do seu primeiro estúdio. Realizou "Tristeza do Jeca", o priimeiro filme colorido com revelação e trucagem feitas na Cidade do México, pela primeira vez, um filme seu foi exibido na TV, no Festival de Cinema Brasileiro da TV Excelsior, em outubro. No final de 1962 filmou seu grande sucesso "Jeca Tatu" pelo qual ficou reconhecido. Logo após iniciou as filmagens de "As Aventuras de Pedro Malasartes", obra que marcou sua estreia na direção.

Em 1966 foi homenageado no terceiro Festival do Cinema Brasileiro de Teresópolis e recebeu também o Troféu de Simpatia Popular no Programa Silvio Santos. Produziu " No Paraíso das Solteironas" filme que em 1 ano chegou a render a cifra astronômica de 2 bilhões e 650 milhões de cruzeiros, algo sobrenatural para a época. Enquanto Amácio fazia filmes para o público, os eternos descontentes com o cinema brasileiro produziam filmes para meia dúzia de intelectuais e depois choravam as dívidas.

Em 1971 produziu "O Grande Xerife", quase ao mesmo tempo que filmou "Um Caipira em Bariloche", sua 25a obra cinematográfica com belíssimas cenas gravadas na Argentina. Filmou "Portugal, Minha Saudade", no Brasil e além mar. Fez em 75 "Jeca Contra o Capeta". O ano marcou o início das construções do novo estúdio localizado no Bairro dos Remédios, em Taubaté, numa área de 160 mil metros quadrados, o novo local levou o nome de Hotel Studio Pam Filmes , e existe até hoje com um museu sobre toda a trajetória de seu criador. A maioria dos seus filmes foi filmados em sua própria fazenda.

Em 1979 já bastante debilitado por uma doença, fez "O Jeca e a Égua Milagrosa", seu 32o e último filme pois em 1980, depois do lançamento da fita, começou a produção de "Maria Tomba Homem", obra jamais realizada, pois em 13 de junho de 1980 no Hospital Albert Eistein, aos 69 anos morreu nosso eterno caipira de um câncer chamado septicemia. No mesmo dia foi sepultado em Pindamonhangaba, no Cemitério Municipal da Cidade, onde seu pai já estava enterrado.

Nunca se casou pois não acreditava nas pessoas e nem que gostavam dele sinceramente, seu único descendente foi seu filho adotivo Péricles Mazzaropi que ficou com uma parte de seus bens, as outras partes foram distribuídas aos amigos, o Hotel e Museu continuam preservado em seu bom gosto original.

Me despeço por fim reafirmado que Mazzaropi fazia filmes para o povo, com acabamento técnico perfeito, mas temas populares. Enquanto isso, os gênios intelectuais gastavam milhões, em obras destinnadas a meia dúzia de embevecidos cinéfilos amargando depois prejuízos astronômicos e culpando, como até hoje fazem, o governo, pelos fracassos!

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