A arte não muda o mundo.
Quem muda o mundo são as pessoas.
A arte muda as pessoas.

sábado, 30 de abril de 2011

Florbela Espanca

Da série "Grandes Poetizas", apresento-vos Florbela Espanca, que me foi apresentada por minha gentil amiga Mandy.
Esta exótica escritora portuguesa teve até um concebimento inusitado. Aconteceu que a esposa de seu pai não podia engravidar, então como costume natural da época, ele teve uma filha com outra mulher, com o concentimento da esposa (não que não aconteça isso aos montes hoje em dia, bem, eu apenas quis revelar algo sobre a vida da autora), assim em 1894, nasceu Florbela que aos seus 7 anos escreveu seu primeiro poema "A vida e a morte".

Entretanto o soneto escolhido da vez é um tanto mais complexo de sua fase adulta.

Ao vento

O vento passa a rir, torna a passar,
Em gargalhadas ásperas de demente;
E esta minh'alma trágica e doente
Não sabe se há-de rir, se há-de chorar!

Vento de voz tristonha, voz plangente,
Vento que ris de mim, sempre a troçar,
Vento que ris do mundo e do amar,
A tua voz tortura toda a gente!...

Vale-te mais chorar, meu pobre amigo!
Desabafa essa dor a sós comigo,
E não rias assim!... Ó vento, chora!

Que eu bem conheço, amigo, esse fadário
Do nosso peito ser como um Calvário,
E a gente andar a rir p'la vida fora!...


"Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse a chorar isto que sinto!"